quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Desafio 7: Acampamento no Pico Itapiroca II - A Noite

Nosso acampamento ficou pronto às 16h20 da tarde do sábado, dia 04 de setembro de 2010. O Fôdo já havia descido até a Fazenda para encontrar com o Baby, de mochila vazia, e traria o restante dos mantimentos que ficaram no carro, além das garrafas de água reabastecidas da bica. Resolvemos que o cardápio seria a base dos mantimentos que viriam, pois seriam excesso de peso e volume para a descida, e devíamos gastá-los. Enquanto isso, entramos em estado de relaxamento, aproveitamos a vista, tentando identificar cada morro e pico à nossa volta. O ar permanecia seco ao longe e a neblina de poluição mantinha-se no horizonte não permitindo que pudéssemos enxergar Curitiba, à oeste, Antonina e o mar, a leste. O céu era de um azul intenso, e tão intenso quanto, estava o vento. Às vezes algumas rajadas mais fortes nos balançavam e castigavam as barracas. Valentes barracas, passaram na prova do vento forte!
O Celso, que foi batizado no dia seguinte como Sid, por sugestão do Fôdo, resolveu descansar, deitado em sua barraca, para resgatar parte do fôlego e para aliviar a dor na coluna, que incomodava, apesar do relaxante muscular que tomou no caminho. O Jeep e eu fomos para o cume principal, onde está o livro de assinaturas, para vislumbrar ainda mais a vista. De lá é possível ver o Tucum e o Camapuã, além do Pico Paraná, Caratuva, Ferraria e outros. Depois de algumas fotos, decidimos ficar por ali para aguardar o pôr do sol e registrar o momento. Enquanto o Jeep foi ao outro cume, no extremo sul do Itapiroca, fiquei por ali deitado na pedra e acabei tirando um rápido cochilo, às vezes acordado pelo vento que me chacoalhava, mesmo deitado.
Em alguns m
omentos que acordei vi o Jeep no alto do outro cume, ou numa pedra, aproveitei para tirar sua foto e e depois voltar ao cochilo. Quando acordei em definitivo, a névoa que cobria o horizonte em direção à Curitiba era forte e não permitiria que o por do sol fosse visto até a linha do horizonte. Desisti de ficar por ali e desci até o acampamento. O Jeep avisou que recebera uma mensagem do Fôdo quando passou pelo Getúlio, na descida, tinha conseguido a marca de 19 min até lá! Tava voando! Mas, de repente bateu a preocupação: não combinamos a possibilidade do Baby não aparecer e até que horário deveria aguardar para não subir todo o trecho no escuro. Quando começou a escurecer, as contas do tempo necessário para subir apertaram. Se saísse da Fazenda às 18h, a previsão de chegada era entre 20h30 até 21h00, mesmo com a possibilidade de ambos apertarem o ritmo da subida. Já estava escuro, e fomos para o final da trilha para tentar acompanhar sua chegada através das luzes das lanternas. Dali fizemos sinais com as lanternas em direção ao PP que foi respondido. Depois ficamos sabendo que foi um dos amigos do Mario, que encontramos no inicio da trilha.
Como não enxergamos nada na trilha de acesso ao Itapiroca, voltamos ao cume principal para pegar sinal de celular na tentativa de ligar para o Fôdo ou o Baby, mas deu caixa postal em ambos. Não teve como adivinhar se estariam no meio do caminho, pois na Fazenda não pega sinal de celular. Nesse momento vimos luzes chegando no final da trilha, que responderam nosso sinal ali de cima. Descemos até o acampamento e o Fôdo estava exausto e com cãibras, subiu correndo, mas sozinho, resolveu sair da Fazenda às 17h20 para evitar a trilha toda à noite.
Definimo
s o cardápio para o jantar, e montamos a cozinha no caminho para o pico principal, onde havia menos vento, para então aproveitarmos a noite para descansar. Depois do jantar, o joguinho de baralho foi descartado pelo cansaço de todos. Ajeitamos os sacos de dormir sobre os isolantes térmicos, vestindo agasalhos para dormir. Aproveitamos as sacolas do saco de dormir como travesseiros, enchendo com as roupas reservas. Ficamos bem confortáveis e apagamos a luz. Breu completo! O vento lá fora castigava com vontade as barracas. A vegetação balançava umas contra as outras como se fosse barulho de isopor raspando em outro isopor. Nosso acampamento foi composto por três barracas: eu e o Fôdo em uma, e o Jeep e o Sid em outras duas, sozinhos. A nossa barraca estava bem quente, deixamos inclusive metade da porta aberta, protegida pelo avanço. Eram 21h30 quando fomos dormir. Acordei à 01h da madruga como uma luz imaginando ser o boitatá (rsrsrsrs), mas foi o Sid que acordou para 'esvaziar o tanque'. Daí em diante foi sono de meia em meia hora. No meio da madruga toquei na barraca e estava congelada. Como nossas coisas estavam do lado de fora, no avanço, fiquei imaginando se conseguiria acordar para ver o por do sol.
O relógio despertou às 05h40 a barraca já estava clara, dando sinais que o amanhecer estava para acontecer. Enrolei um pouco e decidi abrir o ziper da porta e do avanço para enxergar algo: a visão foi demais! O Pico Paraná logo à frente de nossa barraca estava rodeado por um mar de nuvens brancas e uma linha vermelha ao fundo dividia o céu que começava a clarear. Foi o estímulo que p
recisava para colocar as calças e a bota e saltar para fora da barraca para ver o nascer do sol. O Jeep acordou com o barulho do ziper da minha barraca e também saltou depois de ver o visual. O Fôdo relutou um pouco, mas também saltou quando viu o PP emoldurado.

Sid teimava em não levantar. Mas a visão era incrível, e ele também não resistiu de pelo menos por a cabeça para fora da barraca. O pessoal que estava nas barracas em volta, mais 8 montanhistas em 5 barracas, também estavam de pé aproveitando o momento. Depois de registrá-lo, o Fôdo e o Jeep renderam-se ao cansaço e retornaram para as barracas para mais um trecho de sono. Eu e o Sid já estávamos despertos, por costume, resolvemos subir ao cume principal para observar todo o horizonte e o avanço do mar de nuvens, colocando o papo em dia. Retornamos para o acampamento às 08h30 e partimos para o café da manhã, do tipo colonial, diga-se de passagem. Enquanto aprontávamos o café, um grupo de três montanhistas chegava ao cume, num ataque leve apenas munidos de garrafas, e passaram por nós elogiando o café. Mais tarde soubemos que era o grupo que deu suporte ao Baby, que acabou chegando na Fazenda pouco depois do retorno do Fôdo.
Com o mar de nuvens avançando em direção ao conjunto de montanhas, definimos que abortaríamos os outros ataques, retornando um dia antes, junto com o Sid, pois as mochilas ainda estavam muito pesadas para prosseguirmos. Aproveitaríamos a experiência para planejar de forma diferente os próximos ataques na região. Mas uma coisa é 100% certa: apesar do esforço e da noite gélida, ventos fortíssimo e sensação térmica de pelo menos -5°C, valeu muito à pena! Experiência sensacional!... E para poucos!

Foto 1:
Acampamento no Itapiroca Foto 2: Pico Paraná - Nascer do sol do Itapiroca

Gandalf
Minhocas Uh Ha Ha

Veja também em quadrinhos: Acampamento do Pico Itapiroca




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